Há tempos deixei aqui um vídeo animado maravilhoso que dizia respeito a uma canção que de forma alguma lhe ficava atrás. O seu nome era JCB Song. Este é o álbum em que se insere.
Lançado em 2004, este é o primeiro álbum desta banda do Reino Unido. Nizlopi era o nome de uma rapariga húngara, por quem Luke teve uma paixão na escola e Half These Songs Are About You parece-me que não precisa de ser explicado. Podendo parecer esta informação irrelevante a quem ainda não viu o referido vídeo, de certeza que quem já teve esse prazer percebe que é exactamente deste ambiente de inocência misturada com paixão que vive este projecto.
Misturam diversos estilos musicais, do funk ao hip-hop, tudo envolvido num cobertor de música pop, e o resultado é um género de pop-chill-out que acaba por ser demasiado marcante para ouvirmos sem lhe estarmos a dar atenção. Estando sem dúvida JCB Song vários pontos acima, não só do resto do álbum mas também de tudo aquilo a que estamos habituados, este vai servir um pouco de entrave a aceitarmos os outros temas. Contudo se tivermos a coragem de nos manter atentos até ao fim percebemos que, apesar de JCB Song ser único, o resto do álbum é também de elevada qualidade. Podemos então notar que as letras são, tema após tema, extremamente inteligentes e conseguem não parecer já gastas, assim como as melodias conseguem também transmitir-nos uma sensação de originalidade numa área onde já quase não há espaço para tal coisa.
Embora com dois elementos apenas (Luke Concannon e John Parker) as opções não são de forma alguma limitadas. Desde a guitarra acústica que sozinha toma conta de Worry à secção de sopros que ajuda a compôr Love Rage On, somos constantemente confrontados com resultados diferentes e raramente de qualidade inferior. Fica então por várias vezes a sensação de que queremos mais e a única solução que nos é dada é por o cd em repeat e ouvir vezes sem conta os 11 temas que o compõem.
De uma forma quase inacreditável, Luke e John conseguem levar-nos de volta aquele estado de espírito de quando éramos crianças e tudo era possível. Quando acreditávamos em heróis desenhados a lápis de côr e as nossas emoções, puras e simples, eram contudo de uma intensidade única.
Pela 4ª vez, Danko Jones entregam-nos um álbum sem rodeios. Aqui sabemos sempre que vamos encontrar berros, amplificadores com volumes excessivos, ritmos a alta velocidade e letras simples e directas. Mas acima de tudo encontramos energia crua.
Com 11 músicas, ao longo das quais a média não deve exceder em muito os 3 minutos por tema, Sleep Is The Enemy é um álbum que passa a correr, mas infelizmente apenas em cerca de metade dos temas consegue ter melodias interessantes o suficiente para nos manter agarrados e que nos fiquem no ouvido.
Se o objectivo for libertar energias acumuladas então este álbum é perfeito, mas é preciso ter cuidado e não o deixar a tocar enquanto estiverem preocupados com outras coisas, porque sem darem por isso estão com uma dor de cabeça descomunal.
Assim sendo, este é um bom álbum e mostra que Danko Jones continuam os mesmos e que não pretendem mudar num futuro próximo, o que é bom, mas We Sweet Blood continua provavelmente a ser o seu melhor trabalho.
No início deste ano foi estreada uma série nos Estados Unidos entitulada Love Monkey, mas apesar de ser uma das melhores dos últimos tempos, acabou por ser tirada do ar ao fim de apenas 3 episódios. Aí aparecia Wayne, um jovem que tocava em bares e que era descoberto por uma editora que o queria lançar.
Wayne era interpretado por Teddy Geiger e a sua personagem era, entre outras coisas, uma tentativa clara de publicitar o seu álbum de estreia que estava a ser acabado. Qual é o maior problema no meio disto tudo? É que as suas canções eram muito melhores na série do que são agora que o álbum está terminado.
Quando o ouvi pela primeira vez fiquei completamente maravilhado, estava perante um puto de 17 anos (e é a isso que se refere o título, e não a qualquer falta de qualidade da sua música) que, apesar de menos evoluido e com um ar bastante mais ingénuo, tinha a voz e o estilo de um John Mayer. No entanto quase todas as suas canções foram produzidas em excesso e sempre no sentido de as tornar mais "radio friendly" e de apelar a um público mais jovem, um bocado como aconteceu com John Mayer com You're body is a Wonderland.
Mesmo assim ele consegue ter o talento e personalidade suficientes para não ser apenas mais um. Tanto à guitarra como ao piano, o resultado é quase sempre memorável e damos por nós a cantar versos enquanto estamos a fazer outra coisa qualquer.
For You I Will (Confidence), Love Is A Marathon e Night Air, são quanto a mim bons pontos de partida para conhecer Teddy Geiger, mas se querem vê-lo verdadeiramente no seu melhor, arranjem maneira de ver o primeiro episódio de Love Monkey ou outra performance dele a sólo, porque é ai que descobrimos a verdadeira carga emotiva das suas canções.
Não sendo perfeito, Underage Thinking, é um excelente ponto de partida para alguém tão jovem e agora é só ter esperança que, ou decidam continuar com a série ou que alguém com poder perceba que o seu trabalho era muito melhor se não estivesse forçosamente a ser direcionado a miúdas do ensino básico.
(7/10)
Não faço ideia se vou conseguir classificar álbuns desta forma, mas logo se vê.
Descobri à pouco tempo este video maravilhoso, de uma canção que não lhe fica atrás, e estou completamente viciado. Os responsáveis são uma dupla britânica de seu nome Nizlopi. Luke é uma das metades da banda e a canção é um dia na vida dele, aos 5 anos, que por causa dos seus problemas de dislexia, ia para o trabalho com o pai. Talvez fale do álbum deles daqui a uns dias mas para já queria mesmo era mostrar o vídeo desta canção, entitulada JCB (é só clicar na imagem). Chamo a atenção para os versos:
"And I wanna transform into a Tyrannosaurus Rex! And eat up all the bullies and the teachers and their pets And I'll tell all my mates that my dad's B.A. Baracus Only with a JCB and Bruce Lee's nunchuckas"
Visitem também o site da canção que está muito bem feito.
E chega finalmente ao fim a maratona do balanço de 2005. Obrigado a todos os que não perderam a esperança de que, um dia, eu iria acabar esta lista. E aqui está o que foi para mim o álbum do ano.
#1 Bloc Party - Silent Alarm
s: Banquet, She's Hearing Voices Apaixonado e intenso, é assim o álbum de estreia do quarteto londrino. O som não é inovador mas também não é facilmente comparável. Musicalmente é uma aposta clara na intensidade em deterimento da intelectualidade. Os temas escolhem um sentimento que os acompanha do início ao fim, sofrendo apenas pequenas variações e ocasionalmente intensificando-se no seu decorrer. A escrita é inteligente, conseguindo fazer algumas críticas sociais (por exemplo contra o Bush) sem que sejam demasiado óbvias. No geral é um álbum rock simples, sem grandes pretensões, que consegue ser perfeito. É dos melhores álbuns de estreia que eu já ouvi e deixa-nos com a sensação de que eles não se ficam por aqui.
s: Who Did You Think I Was, Try Após 3 albuns de elevada qualidade e um sucesso já considerável, dentro do estilo Pop-Rock, John Mayer decidiu que ia mudar o rumo à sua carreira. Foram então 2 anos de crescimento e aprendizagem, ao longo dos quais trabalhou ao lado de nomes como B.B. King, Eric Clapton e Buddy Guy, e demonstrou que apesar de ainda ter algo a aprender o seu talento é inegável. Este álbum é a materialização dessa transformação. John Mayer aparece mais maduro e evolui de um excelente músico para uma lenda em desenvolvimento.
s: Hey! (Sempre Feliz), Não Digas Nada E é com um enorme prazer que eu entrego a medalha de bronze a uma artista portuguesa. E é ainda com mais prazer que eu ouço este álbum. Não é uma quebra completa com aquilo que tinha feito nos Coldfinger, contando inclusivamente com Miguel Cardona (que juntamente com ela, fazem os Coldfinger) na produção do álbum, mas é no entanto um grande salto em frente. Em comparação, este é um projecto mais afastado da música electrónica e mais junto ao jazz. Margarida Pinto tem uma das melhores vozes nacionais e tem várias oportunidades para o provar ao longo deste trabalho. Conta ainda com diversas participações, como Guí (Xutos & Pontapés), Pedro Gonçalves (Dead Combo), Pacman (Da Weasel) e algumas letras de Fernando Pessoa e Alberto Caeiro. Apontamento é um álbum sem qualquer falha ao longo dos seus 14 temas e mais do que um dos melhores álbuns do ano, é um dos melhores álbuns nacionais de sempre.